sábado, 16 de maio de 2009

Luxa rejeita 'perfil Libertadores': "Me ajustei ao futebol brasileiro"

O Palmeiras iniciou o ano como sensação do Campeonato Paulista jogando no estilo que Wanderley Luxemburgo gosta: velocidade, rápida troca de passes, intensa movimentação e inversões no ataque. Mas o time só seguiu na Libertadores quando ficou mais estático, priorizando a marcação e apostando em contra-ataques. A mudança, contudo, não tem nada a ver com o torneio. Segundo o técnico, a culpa é da baixa qualidade vista no Brasil.
Comandante do Cruzeiro de 2003 e do Santos de 2004, únicas equipes que fizeram mais de 100 gols em uma edição do Brasileiro, o atual treinador do Verdão não aceita ouvir que apelou para o estilo aguerrido típico da principal competição da América do Sul. Luxemburgo vê a sequência marcar e só depois atacar como ordem no país.

"No futebol brasileiro, está difícil fazer algo diferente e não posso fugir de uma realidade do país. Aqui, não tem times que jogam defensivamente e ofensivamente. Já faz uns três, quatro anos que estou me ajustando a isso", argumentou o técnico, campeão paulista em 2006 com um Santos que se 'especializou' em vencer a maioria dos jogos por 1 a 0.

"Posso ganhar jogando de uma forma ou de outra. Até agora, falavam que o Luxemburgo não servia para a Libertadores, mas isso é algo criado. Se eu perder, não presto de novo. Fico sempre no fio da navalha, e uma hora corto para um dos lados: elogio ou crítica", completou.

Até o momento, porém, Luxemburgo teve sucesso quando jogou mais recuado. Nas duas últimas partidas fora de casa pela Libertadores, contra Colo Colo e Sport, escalou três zagueiros (Danilo, Mauricio Ramos e Marcão) e dois volantes (Pierre e Souza), além de segurar Cleiton Xavier. Em Recife, o time chegou a ter por diversas vezes seus 11 jogadores atrás do meio-campo.
Mais do que a necessidade do resultado, atuar desta maneira, na visão do técnico, é o modelo padrão no futebol nacional. "A Europa está fazendo agora o que o Brasil fazia antes. E o Brasil está fazendo o que a Europa fazia. Comparem o Flamengo dos anos 70 com os times brasileiros de agora", solicitou.

"O Manchester e o Barcelona, que vão fazer a final da Copa dos Campeões, jogam com três atacantes, dois meias e um volante que sai. E eu gostaria muito até de escalar quatro atacantes, se eles voltassem marcando. Mas não tenho isso", reforçou, citando escassos exemplos de clubes brasileiros que se arriscam como as potências europeias.

"Fiquei muito feliz quando vi que Corinthians e Santos jogaram a final do Paulista com três atacantes, sendo ofensivo e defensivo ao mesmo tempo. E o Inter conseguiu se acertar com Nilmar, Taison e D'Alessandro. Mas mesmo assim joga com um zagueiro, o Bolívar, na lateral direita para poder privilegiar o ataque", apontou.

Apesar dos argumentos, Luxemburgo já se conforma: só será enaltecido pelo jogo mais cauteloso se vencer a Libertadores. "O futebol foi descoberto agora!? Falam de novidade, e já são anos com tudo da mesma maneira. Mas, mesmo há tanto tempo trabalhando, continuo sem saber nada de futebol para muita gente", concluiu.

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