sexta-feira, 3 de abril de 2009

Por não ser "frouxo", Diego Souza vira exemplo de caráter para Keirrison

Pela primeira vez em sua curta carreira no Palmeiras, Keirrison completou mais de duas partidas sem balançar as redes e agora tem mais jogos do que gols - fez 16 em 17 participações. E já ouve críticas por ter passado em branco nos clássicos contra Corinthians e São Paulo. Para evitar a revolta da torcida, o atacante tem em quem se apoiar no elenco: Diego Souza, cobrado desde a sua estreia.
Contratação mais cara do futebol brasileiro em 2008, o meia que custou R$ 10 milhões à Traffic, parceira alviverde, viu as cifras pesarem nas avaliações sobre seu desempenho. O camisa 7 não engrenou atuando ao lado de Valdívia e também não conseguiu suprir a ausência do chileno como Wanderley Luxemburgo esperava. Terminou seu primeiro ano no clube em baixa. Nesta temporada, porém, virou modelo.
"O Diego Souza é um exemplo. Superou as adversidades com muita força de caráter. Hoje é um líder dentro do grupo por ter assimilado uma confiança muito grande", enaltece o gerente de futebol Toninho Cecílio, tão satisfeito com as atuações do jogador quanto o próprio atleta, que finalmente se vê adaptado ao Verdão.
"Fui muito cobrado no ano passado inteiro, vaiado às vezes. Se eu fosse um jogador frouxo, medroso, deixasse a pressão mexer comigo, não vestiria mais a camisa do Palmeiras. Mas tive personalidade e trabalhei muito. Consegui dar a volta por cima", comemorou Diego, visto atualmente como um tutor do jovem elenco - apesar de só ter 23 anos.
"No Palmeiras, as coisas são difíceis. Fiquei um ano e aprendi muito. É um clube grande que está sempre visando títulos, primeiras colocações. Quando isso não vem, a cobrança é forte", contou. "Já passei para os jogadores como é aqui. É um clube que venceu bastante em sua história e tem uma torcida que apóia o jogo inteiro, mas que cobra muito quando as coisas estão difíceis. Quem vem para cá tem que lidar com esta situação", completou.
Este recado, contudo, não é endereçado especificamente a Keirrison. O ex-jogador do Coritiba é visto pelo plantel e pela diretoria como alguém "frio e tranquilo", capaz de superar os protestos da torcida e até as acusações de que não manteve o rendimento inicial por causa dos crescentes comentários sobre clubes europeus interessados em seu futebol.
"No ano passado, no Coritiba, havia a especulação de que ele viria para o Palmeiras ou até para a Espanha. Mesmo assim, foi o artilheiro do Brasileiro. Nossa confiança nele é inabalável. Ninguém é obrigado a fazer gol a todo momento e isso acontece na vida de todo artilheiro. O Kléber Pereira também está com um jejum", lembrou Toninho Cecílio, que também tenta passar ao goleador sua experiência como zagueiro do Palmeiras nos anos 80 e 90 - época em que o time sofria com a falta de títulos.
"Também joguei no Cruzeiro e no Botafogo e sempre achei que aqui a pressão é maior. É um clube de massa, a exigência por títulos é uma característica da torcida. Jogar aqui tem um preço, são 15 milhões de torcedores. Você tem que aceitar pagar este preço para jogar aqui. E isso te fortalece para a vida inteira", avisou o diretor.
Em tom mais ameno, Diego Souza minimiza as reprovações a Keirrison apontando como a torcida brasileira costuma avaliar seus centroavantes. "O atacante tem que estar fazendo gol. Ninguém fala que ele deu cinco passes, sofreu pênalti, puxou a marcação, abriu espaço... Mas o time sabe a importância que este cara tem e valoriza isso dentro do grupo", argumentou, com uma aposta. "A média de gols dele é muito boa. Os gols não saíram nos últimos jogos, mas vão sair na hora que mais precisarmos", previu.

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